quarta-feira, 2 de março de 2011

Camões, grande Camões...

     Há um "tópos" literário cuja ficcionalidade é tão real que faz da vida fonte (mais do que) inspiradora.

       É clássico, com tudo o que isto possa significar.

Hieronymus Bosch, A Nave dos Loucos

ESPARSA

sua ao desconcerto do mundo


    Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e, para mais m’espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau, mas fui castigado:
Assi que, só para mim
anda o mundo concertado.


     "Camões, grande Camões", assim o disse Bocage em soneto de cariz autobiográfico, cerca de três séculos depois da escrita camoniana.

     Não é semelhante seu destino ao meu; contudo, no pensamento há grande identidade. Assim o motiva a intemporalidade do mundo (às avessas).

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