domingo, 10 de junho de 2012

Tudo muda...

    Em dia de Camões, de Portugal e das Comunidades, poderia centrar-me no Português e mostrar esta singularidade que o nosso país tem de apresentar um feriado para o seu dia e o do seu poeta universal.

    Ora, o condicional já tudo disse: não vou restringir-me à nossa língua, à nossa cultura nem ao nosso poeta, apesar de o feriado assim o indicar.
   Tempos houve em que Camões, hoje celebrado como símbolo de uma língua, de um país e de uma comunidade, era conhecido como o príncipe dos poetas da "Hispânia", numa referência clara à Península Ibérica e ao que na época quinhentista era mais proximidade do que distância. Na corte portuguesa conviviam as duas línguas (português e castelhano), em tempos que havia bons ventos e bons casamentos.
    Neste sentido, e relembrando o soneto camoniano "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", revisito o espanhol e o poeta chileno Julio Numhauser, mais o poema "Todo cambia" (1982) na voz da argentina Mercedes Sosa ("La Negra").


        
    TODO CAMBIA

Cambia lo superficial
Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo

Cambia el clima con los años
Cambia el pastor su rebaño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Cambia el más fino brillante
De mano en mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo
Cambia el sentir un amante

Cambia el rumbo el caminante
Aunque esto le cause daño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia

Cambia el sol en su carrera
Cuando la noche subsiste
Cambia la planta y se viste
De verde en la primavera

Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Pero no cambia mi amor
Por mas lejos que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi tierra y de mi gente

Y lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana. 


Vídeo com a interpretação de Mercedes Sosa

   A mudança de um regime ditatorial, a mudança de um tempo que subsiste a desgosto de muitos (os que assistem à passagem dos dias, os que se apartam, os que dão paz em troca de tormento, os que desistem para viver de lembranças).

   Porque o tema camoniano é tópoi da literatura universal; porque este se faz de música e poesia; porque o desejo da mudança é uma constante, porque a mudança na terra e no país se impõem, porque o que muda também pode ficar...
    

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