sábado, 1 de dezembro de 2012

Lá se vai / foi o 1º de dezembro...

     Prenunciando-se o fim do feriado, o último calha em pleno fim de semana.

      Anunciado o fim do feriado (temporário ou não), não deixa de se (re)lembrar o facto histórico.
   Foi o que pretenderam aqueles que quiseram recordar o momento e o episódio da restauração da independência, tão heroicamente representados nalguma toponímia portuguesa e numa linguagem que, de tão nacionalista, até deturpa o verdadeiro sentido do inimigo (mais implicado na adoção de medidas que comprometeram uma política levada a cabo, por cerca de sessenta anos, do que na figura coletiva do povo espanhol).


     Ironia histórica parece ser o facto de presentemente ainda estarmos tão dependentes da Espanha (pelo menos em termos económicos) quanto a crise vivida por esta se refletir num país que dela se quis separado, não obstante a autonomia gozada, em alguns níveis, até meados do século XVII, para além da projeção cultural então vivida (e que não era, por certo, de desprezar).
   Todavia, os sinais de descontentamento eram crescentes: os impostos aumentavam e a população encontrava-se cada vez mais pobre; a burguesia comercial sofria com a crescente insatisfação nos seus interesses comerciais; a nobreza preocupava-se com a progressiva perda dos seus privilégios, postos e rendimentos; o império territorial era ameaçado pela ação interesseira e interessada de ingleses e holandeses, que procuravam aproveitar alguns descuidos revelados pelos governadores filipinos. Certo era também todo um contexto político controverso vivenciado pela Espanha no seio de uma Europa e de uma América em cujos domínios espanhóis havia forte questionação e ameaça independentista. E na onda desses movimentos resistentes e revoltosos, Portugal não se fez rogado.
     Coincidências demasiado fortes com o século XXI.

   Passados quase quatro séculos, o exemplo dos conjurados e o de um D. João IV (qual reencarnação sebastianista) mantêm-se pertinentes para lidar com outras duquesas de Mântua (de uma Sabóia bem mais central e de cara merkeliana), cujos "secretários" também merecem ser lançados pela janela (pelas medidas que teimam em não tomar, para que esta crise seja social, justa e distribuidamente encarada).

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