quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Comida... para a fome de saber

     Andam por aí uns casos a complicar mais o que já é de si complicado.

     A questão prende-se com o ensino da formação de palavras.

    Q: 'Comer' é a base. Comida pode ser considerada derivação não-afixal? O livro tem o exercício e não vejo solução para ele.

   R: A forma 'comida' advém de um processo flexional (género feminino) aplicado a 'comido', termo atestado na língua desde o século XV. Ora, nesse estádio linguístico terá ocorrido a natural derivação sufixada ('com-' > 'com+ID+O), para construir a forma de particípio passado. A partir daí, a flexão de género permitiu a construção do nome (comida).
      O processo não pode ser entendido como derivação não-afixal, porque esta implica a construção de um nome deverbal (a partir de um verbo) pela troca, no radical da palavra, de um afixo de natureza verbal por um de flexão nominal, conforme se pode verificar nos sublinhados seguintes: 'rouba(r)' > roubo. Ora, não é isto o que sucede com 'comida', que já evidencia uma sucessão encadeada de processos derivacionais, em fases distintas.

      Espero ter ajudado e ter sido esclarecedor, para o encontro (outro termo de derivação não-afixal) com a solução.

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