segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Nascer para morrer

    A novidade não é nenhuma, mas há quem nasça para morrer mais cedo.

Escultura de Manuel Laranjeira (foto VO)
       Assim foi com Manuel Laranjeira.
    Hoje evoca-se a data de nascimento, ocorrida há 139 anos (no mesmo ano em Teixeira de Pascoaes também nasceu), em Mozelos, no concelho de Santa Maria da Feira.
    É, contudo, em Espinho que, a partir dos 21 anos, cumpre um percurso de vida que o aproxima da medicina; da intervenção cívica, social e artística local; da criação literária e da escrita que o fazem produzir crónicas, cartas, poemas, textos dramáticos. 
   Na busca da idealização, da luz, da possibilidade da realização e da criação, aspira à obtenção de um sentido de vida que continuamente colide com uma realidade que o atrofia, o enleia numa vivência de profunda tristeza e tédio.
   Da arte, na ânsia e na expectativa de atingir o nível do criação e do criador, diz-se cultor ou semeador, numa espécie de parábola para o que acha ser o seu papel na vida e no que o mundo pode deixar germinar:

Montagem de foto com pensamentos do autor

    Entre as ideias e os ideais de um homem, dão-se a ver as primeiras no mundo; dos segundos nem sempre é fácil falar, particularmente quando estão além do que realmente circunda um ser que a muito aspirou, nos mistérios libertos de um caminho que quis desvelar e (re)criar, sem condições de caminhar.

     Qual Sísifo (e)levando a "pedra" ao cume do altar artístico, Laranjeira revelou-se um permanente insatisfeito, um idealista sempre à espera de atingir os mistérios da luz da criação (que alimenta a alma e a liberta da vida breve).  

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