sábado, 25 de março de 2017

A César o que é de César; ao nome o que é do nome.

      Voltando às funções sintáticas, desta feita mais internas.

      Nova dúvida em apontamento antigo (que nem era sobre sintaxe, mas que lá tem depositada a dúvida sobre tal domínio linguístico).

        Q: Boa tarde. 
      Tenho dúvidas se a função sintática do segmento textual "de uma esquadra inglesa", na frase “Ancorado em Alcântara desde a manhã de 22 de dezembro, assiste no dia seguinte à chegada ao Tejo de uma esquadra inglesa que larga ferro a estibordo“ é o complemento do nome ou o complemento oblíquo. Poderia ajudar-me?
         Muito obrigada,

     R: A função sintática do complemento oblíquo está na dependência de um verbo transitivo indireto. Assim, "assiste" seleciona o complemento oblíquo "à chegada ao Tejo de uma esquadra inglesa que larga ferro a estibordo". O foco centrado no verbo "assistir" (que, por sua vez, seleciona a preposição 'a' - ASSISTIR A) permite ver, a um primeiro nível de análise sintática, um verbo principal (transitivo indireto) complementado por um sintagma preposicional expandido (todo ele encarado como complemento oblíquo). 
     No caso do segmento indicado ("de uma esquadra inglesa"), este encontra-se na dependência do nome "chegada", numa expansão desse núcleo nominal; logo, corresponderá ao complemento do nome ("chegada"), enquanto função sintática interna (ou de segundo nível de análise).
       Esquematicamente, teríamos:


    Se é verdade que o verbo 'chegar' implica a estrutura argumental 'Alguém / Algo CHEGA A Algum lugar", o agente associado ao ato de chegar (a funcionar como sujeito sintático) é o que está configurado por 'de uma esquadra inglesa...'. Tratando-se de um argumento selecionado pelo verbo, conclui-se que o nome derivado desse verbo (chegar > 'chegada') também implica a consideração desse mesmo argumento como selecionado pelo próprio nome. Deste modo se justifica a presença de um complemento de nome.
         
      Diferentes níveis de análise, na sequência de uma expansão de segmentos, que não pode fazer esquecer a consideração do todo, mas também das suas partes (de modo a que estas não se confundam com o primeiro).

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