terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Para que nada se perca

     Começado o novo ano, convém saber distinguir os verbos dos nomes.

     Entre classes de palavras não devia haver confusão; menos ainda quando a morfologia se articula com elas para marcar a distinção. Ainda, assim, esta nem sempre acontece da melhor forma, como o provam o uso (popular) mais o cartoon seguinte:

Eis senão quando... a perca chega ao funeral.

     O uso, num registo mais popular, do termo "perca" para forma nominal associada ao verbo 'perder' é contrariar o princípio morfológico de derivação do verbo (deverbal) em nome (perder > perda) com manutenção da base derivante (o radical 'perd'). 
     Em termos de norma, é o termo 'perda' que se reconhece como nome resultante de um processo morfológico de derivação não-afixal (isto é, processo de formação que permite a passagem de uma forma verbal a nome, sem acrescento de afixos - apenas com a substituição da vogal temática 'e', em perder, pelo índice temático 'a', em perda).

      Fique-se, portanto, no registo do Português padrão, com a 'perca' para designação de peixe (nome) ou para conjugação verbal de 'perder' no presente do conjuntivo, inclusivamente com o valor suplementar deste último em frases de tipo imperativo. Mais do que isto, por agora, é cómico certo.

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